Os 11 obstáculos à comunicação
Para haver sucesso na comunicação, tem de haver uma boa conexão. E muitas vezes, nós adultos, perdemos grandes oportunidades de contacto e conexão com as crianças.
Os obstáculos à comunicação são obstruções que não nos permitem ficar a conhecer a vida interior dos nossos filhos e que nos fazem perder imensa informação útil em relação a eles. Quando a comunicação não flui, não podemos criar conexão e proximidade, logo, não podemos criar boas relações.
Os 11 principais obstáculos à comunicação
Ordenar/Mandar
Exemplo: “Tens de fazer…”; “Para com isso imediatamente”
Apesar da intenção do adulto poder ser controlar a situação e criar soluções rápidas, o que a criança ouve é: “Tu não tens o direito de decidir como resolver os teus próprios problemas.” Nesta situação, a alternativa será usar a linguagem pessoal, usando a primeira pessoa “eu” para exprimir as suas emoções, necessidades e fazer pedidos claros.
Aconselhar
Exemplo: “Acho que devias…”; “Por que não fazes…?”
Apesar da intenção do adulto poder ser influenciar/ajudar a criança através de argumentos e/ou opiniões, o que a criança ouve é: “Tu não és capaz de encontrar as tuas próprias soluções”. Nesta situação, a alternativa será dizer algo como: “Queres falar-me mais sobre isso?”
Menorizar
Exemplo: “Não é assim tão mau!”; “Isso já passa!”; “Ainda és muito novo para perceber.”
Apesar da intenção do adulto poder ser diminuir a dor da criança e fazê-la sentir-se melhor, o que a criança ouve é: “Não podes sentir o que estás a sentir”; “O que sentes não faz sentido.”; “Não sabes lidar com as adversidades”. Nesta situação, a alternativa será dizer algo como: “Parece-me que ficaste mesmo triste.”; “Como é que te sentiste quando isso aconteceu?”
Distrair
Exemplo: “Não nos vamos preocupar com isso agora. Vamos falar de outra coisa.”; “Pensa antes nas coisas boas…”; “Olha ali, que engraçado!”
Apesar da intenção do adulto poder ser proteger a criança do problema, o que a criança ouve é: “Não acredito que tu consigas lidar com esta situação ou encontrar uma solução”. Nesta situação, a alternativa será dizer algo como: “Isso preocupa-te?”; “Queres falar mais sobre isso agora?”
Analisar
Exemplo: “Acho que disseste isso porque…”; “Ages assim porque estás inseguro.”
Apesar da intenção do adulto poder ser analisar o comportamento da criança, explicar os seus motivos e proporcionar aprendizagens, o que a criança ouve é: “Eu sei mais sobre ti do que tu próprio”. Nesta situação, a alternativa será dizer algo como: “Não te sentes bem com o que aconteceu?”
Moralizar
Exemplo: “O mais certo seria…”; “Isso não se faz”; “Não é assim que se faz”
Apesar da intenção do adulto poder ser mostrar à criança a maneira certa de lidar com um problema, o que a criança ouve é: “Tu não sabes o que está certo ou errado”; “Quando fazes isso, não tens valor”. Nesta situação, a alternativa será usar a linguagem pessoal, usando a primeira pessoa “eu” para exprimir as suas emoções, necessidades e fazer pedidos claros.
Explicar
Exemplo: “Estás triste, mas lembra-te que foi uma opção tua”; “Sabes muito bem que quando não estudas, as coisas correm mal”.
Apesar da intenção do adulto poder ser fazer a criança entender a consequência dos seus atos, o que a criança ouve é: “Não sabes escolher, não podes confiar no teu próprio julgamento, e eu não posso confiar em ti”. Nesta situação, a alternativa será dizer algo como: “Não era bem isto que querias que acontecesse, pois não? Queres falar sobre isso?”
Saber tudo
Exemplo: “A solução é muito simples. Ora vê!”; “Não entendes que é assim que se faz?”
Apesar da intenção do adulto poder ser mostrar à criança que a mãe/pai é um recurso para a resolução de problemas, o que a criança ouve é: “Eu sei e tu não sabes. Precisas de mim para conseguires perceber”. Nesta situação, a alternativa será dizer algo como: “Queres ajuda?”; “Que tal pensarmos os dois numa solução?”
Sarcasmo/Ironia
Exemplo: “Pois, e agora o mundo vai desabar, não é?”; “Tens 10 anos e achas que sabes tudo, certo?”; “Coitadinho de ti….”
Apesar da intenção do adulto poder ser mostrar à criança que o seu comportamento é desadequado, o que a criança ouve é: “És ridículo”; “Assim, não tens valor”. Nesta situação, a alternativa será usar a linguagem pessoal, usando a primeira pessoa “eu” para exprimir as suas emoções, necessidades e fazer pedidos claros.
Ter Razão
Exemplo: “Pois, eu já te tinha dito que ia ser assim…”; “Eu tenho muita experiência nessa área e tu não tens nenhuma”; “Eu é que sei.”
Apesar da intenção do adulto poder ser mostrar à criança que deve confiar no adulto, o que a criança ouve é: “Não posso confiar em ti; “Eu sou melhor do que tu”. Nesta situação, a alternativa será dizer algo como: “Queres a minha opinião sobre isso?”; “Em que opções/alternativas pensaste?
Agora é a tua vez…
>> Pensa numa conversa que tiveste com o teu filho/a e que não correu bem. Que obstáculos à comunicação estavam presentes da tua parte?
>> Quais são os obstáculos que tendes a usar mais na tua comunicação, não apenas com o teu filho/a mas também com o teu companheiro/a, pais, amigos, colegas ou clientes?
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