O que é sucesso emocional

O sucesso é algo que aparentemente todas ou quase todas as pessoas procuram e é um tema recorrente em sessões e cursos de desenvolvimento pessoal.

O que é sucesso?

Para algumas pessoas, o sucesso está relacionado com o facto de se alcançar um conjunto de condições físicas.

Exemplo: Garantir uma boa casa, um carro, dinheiro suficiente para fazer férias, etc.

Para outras pessoas, o sucesso está relacionado com a sensação de realização.

Exemplo: Trabalhar numa determinada empresa, ser promovido, chegar ao quadro da direção da empresa.

Na maior parte das vezes, o sucesso está relacionado com resultados mensuráveis que os outros podem reconhecer e onde se obtém uma validação externa que é possível ostentar. É uma espécie de medalha que prova que se conseguiu algo.

Exemplo: Consegui esta promoção. / Consegui comprar este carro.

A obsessão por esta definição de sucesso tem origem nos primeiros anos de vida e naquilo que foi mais reconhecido quando éramos crianças e reflete-se muitas vezes na forma como educamos as crianças e como nos relacionamos, por exemplo, com o sucesso escolar (ligado aos resultados, às notas).

Além desta primeira definição de sucesso, existe uma segunda definição. Podemos olhar para o sucesso como algo mais interno, que tem mais a ver com a forma como nos sentimos e que podemos chamar de sucesso emocional, isto é, ter ou sentir sucesso pode acontecer quando nos sentimos bem de uma forma consistente.

Nas organizações deparamo-nos muito com esta diferenciação de sucesso. Há pessoas que têm ótimos resultados e que são referenciadas como pessoas de sucesso e outras que não. E se falarmos com elas, percebemos que muitas das pessoas ditas de sucesso vivem em constante stress, com medo que os resultados quebrem, que alguém possa tomar o seu lugar, vivem desequilíbrios noutras áreas da sua vida para conseguir obter esses resultados. E muitas das pessoas que não são referenciadas como sendo de sucesso, e mesmo quando querem ter melhores resultados, estão bem consigo e com a vida pois percebem que o seu valor intrínseco não depende dos resultados que obtêm. 

A primeira definição sem a segunda não faz sentido. Esse é o segredo. Podemos ser exigentes e ambiciosos, e depois conseguir sentir-nos bem connosco próprios independentemente dos resultados. 

O sucesso na Parentalidade Consciente

Quando falamos em Parentalidade Consciente, o foco é o sucesso emocional. No entanto, muitos pais, principalmente aqueles ligados ao sucesso escolar e profissional, têm medo de que, se educarem os filhos para aprenderem a estar bem com as coisas independentemente daquilo que elas são, eles se tornem preguiçosos, pouco exigentes e ambiciosos e não queiram depois trabalhar para ganhar dinheiro. 

Contudo, quando se investiga a razão por detrás do dinheiro, percebe-se que o que está em jogo é uma necessidade de segurança, de reconhecimento, etc, de forma a promover o bem-estar. No fundo, também estes meios servem para alcançar um determinado estado emocional, isto é, o sucesso para todos nós é sempre emocional. 

O que nós, enquanto pais e educadores, podemos fazer?

O convite é proporcionarmos um sucesso saudável que não seja à custa do bem-estar, das relações, da vida interior. Para isso podemos:

1. Transportar o foco das crianças para o plano emocional, através de perguntas como:

  • Como te sentes em relação a isso?
  • Em que é que te poderias focar agora que te faria sentir melhor?
  • O que podes aprender com isso? (para transformar o que acontece mais numa aprendizagem do que num resultado)

2. Alterar a forma como reconhecemos as crianças, diferenciando entre elogio e reconhecimento, para os nossos filhos perceberem que independentemente dos seus resultados, eles têm valor.

Exemplo:

Elogio: Quando a criança consegue bater palmas e dizemos: “Muito bem!”
Reconhecimento:  Seria mais olhar e sorrir para a criança e dizer algo como: “Estás a conseguir bater palmas!” sem avaliar isso como bom ou mau, apenas mostrando que estamos a vê-la.

As crianças não querem ser avaliadas, elas querem ser vistas. Contudo, com os constantes elogios elas tornam-se dependentes da validação externa. Pelo contrário, quando deixamos as crianças relaxadas e seguras em relação àquilo que elas são, em vez de ficarem prisioneiras das regras que lhes dizem o que têm de fazer e dos resultados que têm de obter para serem validadas, elas ficam livres para perseguirem os seus reais interesses, para correr riscos, para se entregar e fazer coisas pelos outros.

O reconhecimento permite-nos também conhecer mais sobre a vida interior dos nossos filhos de forma a conseguirmos guiá-los nessas descobertas sobre si e sobre o seu próprio comportamento.

Exemplo:

  • A criança mostra um desenho. Em vez de só avaliar o desenho como “bonito”, posso fazer perguntas como: “O que estavas a pensar enquanto desenhavas?”; “Como te sentiste enquanto desenhavas?”
  • O meu filho esteve durante 20 minutos a atirar a bola ao cesto. Em vez de perguntar “Quantos cestos marcaste?”, posso apenas dizer: “Reparei que estiveste 20 minutos a bater cestos” ou posso perguntar: “Como te sentiste enquanto estavas a treinar?” que remete para algo mais interno (estava divertido, frustrado, concentrado, focado?).

A investigação científica mostra que a criança que se foca mais no que se sente bem a fazer terá maior probabilidade em continuar a fazê-lo de forma relaxada, ganhando mestria nesse comportamento. A criança estará assim mais preparada para no futuro ter sucesso emocional, e também por via disso, ter outros tipos de sucesso.

Em resumo

  • Quando treinamos uma criança para o sucesso externo: primeiro, torna o sucesso emocional mais difícil de obter porque vai depender de muitas condições e quando for obtido poderá ser transitório. Segundo, diminui a probabilidade da criança vir a ser um adulto que tem sucesso externo, precisamente pela tensão e stress que é colocado à volta disso. 
  • Quando treinamos uma criança para o sucesso emocional: primeiro, aumenta a probabilidade de ela se tornar um adulto que se sente bem com as coisas independentemente delas. Segundo, aumenta a probabilidade dela ter sucesso externo precisamente por estar mais relaxada e focada no que é importante para si.