Pai, mãe, há quanto tempo não confias em ti para regular o que comes?

Uma das questões que mais levanto no acompanhamento que faço a pais é a seguinte:

Quais são as tuas intenções enquanto modelador do comportamento alimentar do teu filho?

Quando decides rigidamente o que ele come, quando come e em que quantidades, que competências lhe estás a dar para o futuro? Quais são os limites que ultrapassas quando esperas que cumpra em silêncio, transformando o momento de refeição num episódio tranquilo?

O mundo vai encarregar-se de lhe oferecer excesso alimentar, de o presentar com alimentos de variadíssimas qualidades, de criar muitos episódios de refeição, de vender planos, regimes, dietas e outros géneros de estruturas alimentares empacotadas. Queres que seja ele a regular essa relação ou preferes que seja o ambiente a mediar as suas escolhas?

Um ponto importante que pões em causa, sempre que decides por ele: CONFIANÇA.

O teu filho é capaz de regular o que come.

Ele tem competências inatas reguladoras do apetite e se elas estão adormecidas, precisas despertá-las, acreditando nelas, dando espaço para se desenvolvam, como a qualquer outra competência.

Deixo-te 3 desafios:

  1. Cria um ambiente alimentar positivo, repleto de alimentos genuínos, apreciados por todos, que aliás favorecerão toda a família.
  2. Experimenta deixar que seja ele a servir-se e a decidir que quantidades come, em cada refeição. Se gostar menos da comida ou se não estiver com apetite, compensará espontaneamente na refeição seguinte. A fome é uma consequência natural, que precisa de conhecer e que desde logo aprenderá a gerir. Confia.
  3. Respeita os gostos do teu filho. Ele pode comer mais se gostar mais, comer menos se não gostar tanto, não comer se não gostar mesmo. Pensa quantas das estratégias usadas para que comesses o que não querias enquanto criança forma efetivas. Há muitas formas de promover alimentos aos mais pequenos, mas pressão para comer não é uma delas. Respeita os seus limites, a sua integridade; é que também estes são dignos de respeito.

E tu, pai, mãe, há quanto tempo não confias em ti para regular o que comes?

Lisa Afonso