Rótulos que se transformam em crenças (limitadoras) e crenças que se transformam em verdades!

de Sara Gonçalves

A Parentalidade Consciente trouxe-me toda uma nova visão e perspetiva de como a maneira como olhamos, interpretamos e verbalizamos o comportamento da criança influência negativamente a imagem que ela vai construindo sobre si. Aquilo que dizemos às crianças sobre elas próprias torna-se, muitas vezes, na sua verdade interna uma vez que elas acreditam fielmente naquilo que lhes dizemos.

Se os principais cuidadores e/ou adultos de referência como são muitas vezes os educadores/professores, bombardearmos constantemente as crianças com os rótulos do preguiçoso, do mal comportado, do desatento, da desorganizada, da mimada, do desobediente e por aí em diante, é certo e sabido que é essa ideia sobre eles próprios que eles vão interiorizar, e vai ser assim que se vão comportar para fazer jus à imagem que lhes estão a incutir. E na verdade, os rótulos foram feitos para as embalagens e não para as pessoas, não é verdade?

Importa lembrar que o cérebro da criança ainda tem um longo caminho pela frente até que tenha a capacidade de racionalizar verdadeiramente aquilo que lhe está a ser transmitido. Aquilo que dizemos às crianças é interpretado e interiorizado com carga emocional. Por isso, quando dizemos a uma criança “És mesmo teimoso, não ouves nem fazes nada do que te peço”, muito provavelmente o que ela interiorizará vai ser “Não posso ter vontade própria e tenho que fazer sempre tudo o que toda a gente me pede” ou quando lhe dizemos “És uma chorona, choras por tudo e por nada”, muito provavelmente o que ela interiorizará vai ser “Não posso exteriorizar as minhas emoções. Da próxima vez é melhor não chorar”.

A Parentalidade Consciente trouxe-me esta consciencialização de como é importante observarmos as palavras que utilizamos com as nossas crianças e de como é de extrema importância separarmos a criança do seu comportamento, porque o comportamento é o que a criança fez mas não define quem ela é.

Se não tivermos conscientes de como este processo é feito, seremos os responsáveis por instalar nas crianças estas crenças limitadoras que as irão conduzir àquilo em que vão acreditar sobre si próprias. E as conclusões equivocadas que as crianças vão retirando dos que lhes dizemos repetidamente, ficam marcadas para sempre, na sua memória inconsciente.