Dia Mundial da Consciencialização do Autismo
por Célia Almeida
Autismo,
pequena semente esquecida,
que sobrevoa perdida.
Pousas em mim e em mim cresces,
comigo acordas e adormeces.
Viver contigo é um desafio,
mas em ti confio.
Vieste despertar,
o que temos de cuidar.
Nós sabemos o que é,
mas eles não, nem a Maria e muito menos o José.
Tudo o que fazemos é errado,
e nada é adequado.
Palavras não sei (ainda) criar,
para explicar que têm de nos ajudar.
Vivemos num labirinto angustiante,
que de todos parece distante.
A dor sem compreensão é fria,
tanto que me leva a fazer o que não queria.
Correr arrefece o corpo que desespera em múltiplas sensações,
fortes ritmos que orientados seriam belas canções.
Gritar controla o infinito conjunto de informação que os meus ouvidos recebem,
um som mais alto que tentam parar porque não percebem.
Livros adoro, com eles aprendo em silêncio e penso,
sem ouvir o constante julgamento que é sempre intenso.
O pouco que vês fora de mim em comportamento,
é o pedido de socorro do muito que sinto dentro de mim em sofrimento.
Sequências e mais sequências são formas de brincar,
que para nós valem mais que abraçar ou beijar.
Estar em solidão não é querer estar sozinho,
é estar à espera de quem realmente nos aceita tal e qual como somos
com carinho.
Queremos quem nos entenda com paciência, compreensão,
e muito amor no coração.
Só assim nasce em nós a confiança,
tal como em qualquer outra criança.
Quando confio no carinho que recebo,
deixo de ter medo.
E sem medo,
aceito um novo brinquedo.
A magia só acontece se acreditares nela,
não basta apenas abrires a janela.