Biodanza para crianças na escola

Era uma vez uma menina, chamada Lis, que sonhava levar a Biodanza às crianças por acreditar que essa ferramenta facilitaria as mesmas a fluir na vida, a expressar as suas emoções, a descobrir o melhor que cada um tem dentro de si e ter coragem de trazer para fora, na relação consigo, com os outros e com a natureza.

Depois de alguma labuta, na procura, a direção de uma escola pública aceitou acolher o projeto da Lis e, assim, todas as sextas um grupo de meninos e meninas do 5.º ano tinha aulas de Biodanza. As aulas iniciaram no ginásio, no entanto, devido ao eco e ao frio que se fazia sentir, passaram a realizar-se na sala do aluno. Um espaço acolhedor, à primeira vista.

Inicialmente as crianças estavam alegres e entusiasmados, dentro da sua agitação diária. Com o tempo surgiram algumas questões que levou a Lis a refletir e a sentir qual o caminho a seguir com aquelas crianças.

A Lis preparava as aulas com muito amor, alegria e entusiasmo, imaginando já na preparação as crianças a expressar-se através do movimento e da música.

Cada aula era um desafio e conversar, rir e às vezes baterem-se uns aos outros também tinha lugar. As crianças davam pouco lugar ao sentir e ao ouvir a música. Perdida no meio de tanta agressividade, de tanta liberdade sem cuidado, a Lis mantinha-se atenta. Certa de que aquele ambiente a perturbava sustentava uma atitude construtiva e procurava alternativas, para que a varinha de condor tocasse o coração de cada um, porque o que mais ela queria era a integração e harmonia daqueles seres únicos.

Logo na primeira sessão percebeu que teria que adequar as aulas ao contexto e às necessidades deles e não apenas seguir o protocolo.

Uma criança apenas quer ser criança, brincar e ser feliz e ter a possibilidade de se expressar e Ser. Expressar a sua essência e não ser igual a todas as outras, por isso os cuidadores formais e informais precisam de ir ao encontro seu encontro.

Certo dia aconteceu algo que mudou algo dentro da Lis. Os dois professores que a acompanhavam por diferentes motivos não estiveram presentes e ela fiou sozinha com as crianças. Sentiu-se perdida. Alguns berravam, batiam-se, diziam palavrões horríveis, outros pediam silencia… ela foi para casa com uma dor enorme… primeiro porque não estava a ser capaz de os ajudar e depois só conseguia olhar para o que estava por detrás daqueles comportamentos e o que isso os levaria no futuro. Durante a aula e depois, só conseguia olhar para eles com Amor e Compaixão. Existe um mundo diferente para além daquele que eles conheciam, um mundo de amor, de harmonia, de paz, em que as crianças crescem felizes e saudáveis, no entanto ainda não estava acessível.

“Que adultos vão ser as crianças que passam por processos de violência e desqualificação nos seus ambientes familiares?

Certo dia aconteceu algo que mudou algo dentro da Lis. Os dois professores que a acompanhavam por diferentes motivos não estiveram presentes e ela fiou sozinha com as crianças. Sentiu-se perdida. Alguns berravam, batiam-se, diziam palavrões horríveis, outros pediam silencia… ela foi para casa com uma dor enorme… primeiro porque não estava a ser capaz de os ajudar e depois só conseguia olhar para o que estava por detrás daqueles comportamentos e o que isso os levaria no futuro. Durante a aula e depois, só conseguia olhar para eles com Amor e Compaixão. Existe um mundo diferente para além daquele que eles conheciam, um mundo de amor, de harmonia, de paz, em que as crianças crescem felizes e saudáveis, no entanto ainda não estava acessível.

Durante essa aula também colocaram a questão de “porquê só eles a ter biodanza, naquela escola?” e “porquê fazer a aula na sala do aluno onde todos veem?”. Estavam a ser gozados pelos colegas de outras turmas e quem sabe se pode adultos também. “Só nós é que temos Biodanza porque somos a pior turma da escola?”, “Temos Biodanza para podermos estar calados e bem comportados?”. Para a Lis, a escolha da turma tinha ocorrido de forma natural e em nenhum momento pensou que a turma selecionada tinha sido por problemas de comportamento. Por isso todas aquelas perguntas apanharam-na de surpresa mas ajudaram-na a compreender algumas resistências e contrariedades. Por isso, num primeiro momento ela não sabia o que dizer, depois de respirar uns segundos sentiu “não, não é para adiar, é para falar agora”, então, com amor e de igual para igual, explicou como tudo se passou.

Naturalmente, a Lis levou para casa a situação e refletiu como poderia ajudá-los a compreender… foi então que na aula seguinte levou um conto/história, e cada um leu um parágrafo. Estavam todos atentos e no fim bateram palmas. Sentiu um alívio no rosto das crianças e a Lis ficou tranquila.

Biodanza na Escola

Era uma vez um grupo de meninos e meninas que gostavam muito de brincar, de conversar, de jogar à bola, de estar com a famílias e os amigos, de jogar jogos no telemóvel e muitas coisas mais. Estes meninos eram especiais como todos os outros, pois cada um é um ser único e especial.

Cada criança mesmo que não o sinta é um ser especial, cheio de coisas boas dentro de si, como o amor, a bondade, a amizade e outras, mas também tem umas menos boas, como a inveja, o ciúme, a raiva. Tudo faz parte mas são as coisas boas que queremos desenvolver e potenciar para que as outras possam desaparecer.

Certo dia uma professora foi à escola desses meninos e propôs fazer Biodanza por acreditava na importância do brincar e do estar em relação brincando e foi assim que a escola aceitou e todas as semanas esses alunos dançavam e estavam de forma diferente.

E por isso nós somos especiais porque a nossa turma foi escolhida para ter Biodanza não pelas caraterísticas menos boas que dizem que temos mas sim porque a escola quer que experienciemos coisas novas e diferentes, todas elas válidas.

A Biodanza ajuda as crianças no aumento da autoestima, a ultrapassar a timidez, no aumento da concentração, a crescer mais saudáveis, saber o que não é bom ou mau para si, expressar as emoções e outras coisas.

A Biodanza procura que cada um possa crescer a ser, e possa expressar e desenvolver as suas potencialidades, contribuindo para melhorar a relação consigo, com os outros e com o meio que o rodeia. Boas danças !

“As minhas intenções [aula com dinâmica da caixinhas das emoções]:

Proporcionar às crianças um momento de partilha e de expressão das emoções.

Criar um espaço de partilha, conforto e confiança.

Permitir sentir e expressar emoções e assim poder senti-as e identifica-las no dia-a-dia.

Criar momentos de conexão consigo e com os outros.

Desde esse momento também a Lis relaxou e começou a focar-se na intenção, na sua verdadeira intenção a fazer Biodanza com as crianças. Na preparação da aula colocava a intenção, escrevi-a e antes da aula focava-se nela. Durante a aula quando estava perdida era a ela que se agarrava e então começou a deixar de se focar nas conversas, nos desvios ao exercício bem feito e começou tudo a fluir de forma diferente. O sentimento de frustração foi substituído pelo sentimento de “fazes o teu melhor e dentro do que é possível e está tudo bem”. A Lis percebeu que estava a ser demasiado exigente consigo e desta forma com as crianças.

A semente foi sendo deixada a cada aula e a responsabilidade de a deixar brotar, também é, de quem tem a semente dentro de si.

Outra coisa que também fez mudar algo, foi o facto de sentir que aqueles meninos estavam lá porque alguém disse para estarem e não porque eles quisesse por isso quem era a Lis para “obrigar” ou dizer “tem de fazer” então teve momentos em que permitiu que um e outro não fizesse nada.

Porque acreditava na importância de um trabalho com pais e educadores, começou a deixar com eles, a cada aula, para levarem para casa, os pontos-chave que foram trabalhados, umas pequenas conclusões, e propostas de atividades em família.

O que mudou na Lis, a paz e tranquilidade interna e o sentimento que estava a construir para algo, que a semente vai lá ficando, mesmo que não a visse brotar já. Acredita que precisa de ser continuamente alimentada e para além desse trabalho com as crianças, de permitir deixar brotar as virtudes, as potencialidades, era preciso esse trabalho com pais e educadores, pois eles ainda são, nestas idades, o exemplo para as crianças.

E por fim, ficam as partilhas que sustentam todo o trabalho da Lis:

“Biodanza é união, felicidade e imaginação”

“Eu levo uma lembrança de uma professora para o próximo ano”

“As aulas trouxeram-me relaxamento e um convívio maior com os meus colegas”

“Sinto que me aproximei mais dos meus colegas”

“A biodanza é uma aula para expressar os nossos sentimentos”

“Através da biodanza consegui expressar melhor os meus sentimentos e estar à vontade em público”

“Com a biodanza senti que a minha filha melhorou a comunicação e a relação com os outros”

“Biodanza é amizade e tranquilidade”

“Biodanza é uma forma de comunicação e trouxe-me mais paciência e alegria”

“Biodanza é um meio de expressar os nossos sentimentos e emoções”

 

A educação na sua grande maioria centra-se no desenvolvimento cognitivo e coloca de parte a educação emocional. A capacidade de lidar com as emoções, saber colocar-se no lugar dos outros ou exercitar uma atitude positiva perante o mundo são competências essenciais ao ser humano. Perante isto, torna-se urgente apostar na educação emocional desde a infância, uma vez que o treino de competências sociais e emocionais permitem a mudança num sentido do desenvolvimento positivo que tem impacto a nível do bem-estar físico, psicológico e emocional das crianças e jovens.

Dois aspetos que se realça é a necessidade de trabalhar paralelamente com os pais, ajudando-os a ter uma atitude consciente na educação dos seus filhos, e ainda com os educadores/professores. É urgente ouvir as crianças pois elas são de uma pureza, alegria e amor contagiante e isso faz mudar o Mundo.