Todo o jardim começa com uma história de amor
“Todo o jardim começa com uma história de amor, antes que qualquer árvore seja plantada ou um lago construído é preciso que eles tenham nascido dentro da alma. Quem não planta um jardim por dentro, não planta jardins por fora nem passeia por eles”.
Este pensamento de amor veio relembrar-me as minhas intenções enquanto mãe.
O que eu quero ser a cada novo dia? O jardineiro ou a erva daninha?
Havendo um jardineiro mais cedo ou mais tarde o jardim aparecerá.
Se o jardim não tiver um jardineiro, ele desaparecerá.
E o que é um jardineiro? Deves estar a questionar-te…
É aquela pessoa cujo pensamento está cheio de jardins, de amor, de flores. O que faz com que o jardim seja mais bonito são os pensamentos do jardineiro.
Nós, somos aquilo que pensamos e, aquilo que pensamos sentimos, que por consequência esse sentimento leva-nos a tomada de decisões e é responsável pelas nossas ações.
Nós somos os jardineiros da nossa família e os jardins são os nossos filhos.
Podemos enquanto educadores, ser este “jardineiro”, com as nossas ações certas, alinhadas no amor que sentimos, e certamente o “jardim” aparecerá… Ou não!
Durante vários anos, cuidei muito do meu “jardim”, para que o que é visível ao olhar brilhasse, esquecendo muitas vezes, que mesmo no mais belo jardim, nascem ervas daninhas, bichinhos que lentamente destroem aquilo que plantamos sem que a nós vejamos ou nos apercebamos…
E é nesse sentido que hoje te pergunto: Como tens estado a olhar para o teu “jardim”? Para os teus filhos?
De que forma pretendes ser o “jardineiro”, aquele que cuida, que todos os dias fica feliz com cada desabrochar, com o que vê, sente, cheira?
Aquele que possibilita o seu “jardim” de ser o mais bonito e harmonioso?
Como falas com ele? Julgas? Criticas?
Apesar de achar que fazia um bom trabalho, muitas vezes as minhas flores não tinham o perfume que deveriam ter…. e continuava a perguntar-me porque?
O que não estaria a fazer da melhor forma.
Muitas vezes os meus olhos, os meus filtros não me permitiram ver a beleza do meu “jardim”, sentir o seu perfume, porque não estive lá…
Verdadeiramente presente, nesta presença plena, que ouve, escuta, sem julgamentos, com amor incondicional… e por isso este é o convite que te trago hoje para reflectires comigo.
Pensa no mais belo jardim, visualiza.
Pensa nessas flores e visualiza-as como sendo os teus filhos.
Como os vês? Como os vês verdadeiramente, por trás do comportamento que possam manifestar?
Consegues ver aquilo que tantas vezes te tentam comunicar?
Consegues parar, manter o silêncio e deixar que eles exprimam o que realmente sentem? Sem filtros?
Na minha opinião, não conseguimos, eu também não conseguia, até ter acesso aos conceitos de Parentalidade Consciente, uma forma de educar, com amor, com mais conexão, focada nas necessidades de ambos, no igual valor, no respeito, na tolerância e no perdão.
Se é isto que queremos para a nossa família, então porque nos desviamos? Porque deixamos que as ervas daninhas tomem conta do nosso jardim?
1 – Porque estamos demasiadamente preocupadas com os outros. A maior parte das vezes os jardins são para os outros apreciarem, e nos enaltecerem pelo trabalho realizado, quando deveria ser para nossa paz interior, realização e apreciação da sua beleza, desenvolvendo assim sentimentos como alegria, felicidade e gratidão.
2 – Porque nos julgamos muito enquanto mães. Porque temos medo de falhar, porque tentamos ser sempre super mães, perfeitas que fazem mil e uma tarefas e a mais importante esquecemos, a de ser simplesmente a mãe que o nosso filho precisa, simples, sem máscaras.
3 – Porque nos culpabilizamos demais. Achamos nunca somos suficientemente boas mães, que existe sempre alguém melhor para comparar, e muitas vezes ficamos perdidas, presas neste novelo, que não nos deixa ser autênticas, verdadeiras, genuínas, SERMOS apenas o que precisamos de SER.
4 – Porque queremos que tudo seja perfeito. E muitas vezes não é, porque não tem que ser, e está tudo bem. Porque tudo acontece para nosso crescimento e para nos renovarmos a cada novo dia, com ajuda dos nossos próprios filhos, eles ensinam-nos bastante se estivermos dispostas a observar e a escutar, sem julgar.
5 – E porque acima de tudo nos queixamos sempre da falta de tempo. Vivemos uma vida em piloto automático, um dia a seguir ao outro, a mesma rotina diária, o mesmo stress, os mesmos gritos, o mesmo desespero.
E é aqui que te convido a parares. Respira fundo.
Agradece pelas flores que tens no teu jardim, mesmo a mais bela rosa, tem espinhos, e não é por isso que não a apreciamos e nos deliciamos com o seu perfume.
Pára de querer ser mais… Já és o que os teus filhos precisam que sejas… apenas poderás em algum momento necessitar de um pouco mais de clareza, ou de alguém que caminhe ao teu lado ajudando-te a encontrar as respostas às tuas questões que já existem dentro de ti, a espera de serem descobertas.
De que forma pretendes ser o “jardineiro” que possibilita o seu “jardim” brilhar?