Uma carta a todos os Profissionais de Educação
Se há uns meses atrás escrevesse uma carta a mim própria enquanto Educadora de Infância prestes a completar 14 anos de profissão, creio que seriam estas as minhas palavras…
Sei que a área da educação nem sempre é fácil…
Que nem sempre é como gostaríamos que fosse;
Que muitas vezes trabalhamos com poucos recursos humanos, com insatisfatórias condições materiais e com níveis de stress, de cansaço e de ansiedade elevados;
Que por vezes regressamos a casa desolados porque as coisas não correram como queríamos (não demos a atenção que queríamos dar; não cumprimos o currículo…);
Que sentimos que o nosso trabalho não é reconhecido e muito menos valorizado;
Que estamos sem ferramentas emocionais (paciência, disponibilidade, motivação, alegria…) para lidar com birras, supostas faltas de educação, conflitos e crianças “difíceis”;
Que podemos dar por nós a questionar “O que tinha eu na cabeça quando escolhi esta profissão?” e que aquelas vozinhas que nos diziam que trabalhar na área da educação não era para nós, talvez tivessem razão;
Que damos por nós a pensar que era tão bom que aquela criança “problemática” faltasse alguns dias para conseguirmos ter paz;
Que é praticamente impossível fazer um trabalho com qualidade com o número de crianças por sala;
Que e mais que e mais que…
Mas sabes, Sara, embora possa ser legítimo tudo aquilo que estás a sentir e a pensar há uma luz ao fundo do túnel! Vais entrar no mundo da Parentalidade Consciente que te vai dotar de ferramentas que te vão permitir viver o teu dia enquanto pessoa e enquanto Educadora, de uma forma completamente diferente! Vai ajudar-te a olhar para a tua realidade através de uma nova perspetiva! Vai permitir-te encontrar equilíbrio nos dias mais difíceis! Vai possibilitar-te ser a profissional que sempre ambicionaste ser no sentido de ajudares as crianças a crescerem e a desenvolverem-se de forma saudável e verdadeiramente feliz! Queres saber Sara, ainda que de uma forma muito generalizada mas muito prática, o que vais ter de fazer para que isso possa começar a acontecer?
Vais ter de definir as tuas INTENÇÕES enquanto Educadora! Vais colocar no papel o que é realmente importante para ti no exercício da tua função e na relação que estabeleces com as crianças. Assim, poderás sempre saber se estás a agir de acordo com aquilo em que acreditas, com aquilo que te vai no coração e aquilo que é a tua verdade interior. E, se algum dia te vires a ser absorvida pelas condicionantes externas, (falta de recursos, exigências burocráticas…) faz uma pausa para que possas parar, respirar e lembra-te das tuas intenções, porque vão ser elas que te vão guiar e levar em consciência ao caminho que escolheste!
Vais ter de parar de olhar o comportamento que as crianças demonstram de uma forma superficial e vais OLHAR PARA ALÉM DO COMPORTAMENTO! Vais ter em mente a frase de Antoine de Saint-Exupéry “O essencial é invisível aos olhos” e tenho a certeza que passas a ver o comportamento com outros olhos, como uma forma que a criança tem de comunicar ao mundo uma necessidade que tem por preencher. Assim, com esta ideia de que o comportamento é uma forma de comunicação de necessidades, aquilo que anteriormente poderias achar como um comportamento desafiador e/ou de falta de respeito, consegues ter a capacidade de olhar para ele como uma forma que a criança encontrou de, por exemplo, dizer que precisa de mais atenção e conexão da tua parte. A vossa relação vai, dessa forma, passar a ser muito mais tranquila, de maior respeito e com maiores níveis colaboração.
Vais ter de utilizar uma COMUNICAÇÃO CONSCIENTE, como forma de comunicares e de te conectares com as crianças. E esta comunicação terá de ser autêntica, ponderada e alinhada com o que sentes, com as tuas intenções. A frase de Peggy O`Mara “A forma como falamos com os nossos filhos (crianças) torna-se a sua voz interior” pode ser uma boa aliada da tua mente e das tuas reações quando estiveres prestes a ter um momento de te saltar a tampa, um momento daqueles em que só te apetece dar um grito e por tudo na ordem, mas queres fazer diferente! Ah, e esta forma de comunicação será uma mais-valia não só no teu relacionamento com as crianças mas também com todos os adultos com os quais te relacionas diariamente, quer sejam eles colegas de trabalho, chefias incluídas, quer seja com as famílias!
Sara, podia estar aqui a escrever-te páginas infinitas do quão melhor será o exercício da tua profissão quando mergulhares no mundo da Parentalidade Consciente, mas o que eu quero mesmo é que tenhas a oportunidade de desfrutar de tudo o que aprendeste e aprendes no dia-a-dia com a prática de uma Educação Consciente.
Que esta minha carta possa ser endereçada a todos os Educadores, Professores e Auxiliares de Educação que, tal como eu, têm um amor enorme à profissão que escolheram e que acreditam que, apesar de todas os constrangimentos que surgem no exercício das nossas funções, É POSSÍVEL FAZER DIFERENTE!