Como ter uma vida feliz
Numa vida feliz há espaço para a tristeza.
Numa vida feliz há espaço para a frustração.
Numa vida feliz há espaço para a irritação.
Numa vida feliz há espaço para as birras.
Numa vida feliz há espaço para o medo.
Numa vida feliz há espaço para a desilusão.
Numa vida feliz há espaço para a raiva.
Numa vida feliz há espaço para os erros.
Numa vida feliz há espaço para os berros.
Numa vida feliz há espaço para dias maus.
Numa vida feliz há espaço para os conflitos.
Numa vida feliz há espaço para a merda.
Numa vida em família feliz há espaço para todas as emoções. De todos.
Numa vida em família feliz há espaço para todas as necessidades. De todos.
Todas as estratégias, métodos e técnicas que te são vendidas para eliminares as coisas ”más” na vida, são condenadas a falhar. Não existe visualização, meditação, listas de gratidão, comprimidos ou cursos de desenvolvimento pessoal ou outra coisa qualquer que podem eliminar o sofrimento da tua vida. A única ”formula” é entenderes e integrares que o sofrimento e a infelicidade existem, e existirão sempre… vêm, ficam um pouco e vão.
Há muita gente a achar que eu e o Pedro temos uma relação perfeita, que os nossos filhos são sempre bem comportados e que a nossa vida em família é espetacular. A verdade é que eu e o Pedro temos uma relação perfeita, as vezes. Os nossos filhos são bem comportados as vezes. E a nossa vida em família é espetacular, as vezes. E outras vezes é completamente ao contrário. Ao desistirmos da busca da felicidade e ao aceitarmos que a vida as vezes também contêm infelicidade, o ”as vezes” transformou-se na realidade em ”a maioria das vezes” .
É precisamente a coragem de abraçar a infelicidade que faz da família feliz uma família feliz. É a coragem de sermos infelizes, que nos permite ser verdadeiramente felizes. Até poderíamos alegar que é a própria fuga da infelicidade que nos faz infelizes.
Alice Miller (psiquiatra austríaca) dizia que o contrário da depressão não é a felicidade, é a vitalidade- a liberdade de sentir todas as emoções espontaneamente (e eu acrescentaria; sem julgamentos). E na minha vida a vitalidade tornou-se numa intenção clara, pois na vitalidade há espaço tanto para a felicidade como para a infelicidade. Há espaço para viver a vida tal como ela se apresenta.
Há uma pergunta que as vezes faço que dá alguns nós mentais. É uma pergunta bem poderosa que pode revelar muita coisa e hoje quero finalizar com ela: o que fazes para ser feliz que te torna infeliz?

