Os valores da Parentalidade Consciente VS Produtividade Empresarial
O 2º Congresso de Parentalidade Consciente foi absolutamente maravilhoso. Cada orador enriqueceu-me mais um bocadinho com palavras sábias e, uma vez que o tema de todo o Congresso era “Educação para a Sustentabilidade Social” não consegui deixar de remeter todas aquelas informações para a minha atualidade.
Durante todos os anos que estudei ficava sempre muito nervosa na altura das avaliações com a ideia de que “vocês não estão a ver bem a coisa”. Costumava dizer num grito de rebeldia que as avaliações são injustas e que deviam acabar com elas, no entanto a frase terminava sempre com um olhar cabisbaixo e um tom quase afónico “mas não me perguntem qual é a solução que eu arranjava porque isso eu não sei!”. Hoje a Diana grande já sabe.
Deixar de ser avaliada foi quase tão bom como deixar de ter aulas de Educação Física no Inverno! Andar para trás e para a frente carregada com mochilas, casacos, guarda-chuvas… uma maçada!
Atualmente trabalho numa empresa onde, com grande espanto meu, implementaram as avaliações trimestrais dos colaboradores. Claro que sendo eu uma adepta do Desenvolvimento Pessoal e como Facilitadora de Parentalidade Consciente a minha abordagem na reunião a este tema em específico foi bastante calma, empática e firme. Todo um ambiente que (obviamente) não aconteceu. O sangue fervilhava nas veias e só conseguia focar-me nas avaliações como parte do condicionamento humano.
Apesar de levar estas avaliações com muito mais leveza do que no ambiente escolar e de saber que na sua base está uma boa intenção, se eu as conseguir ver de outra forma elas podem ser altamente divertidas.
Primeiramente é toda uma Primavera de cores na nossa folha de avaliação: vermelho, amarelo e verde que saltam à vista como se nos quisesse evidenciar algo substituindo a comunicação verbal por um quadro do Kandinsky. Os números e as grelhas milimetricamente desenhadas a computador para mostrar todo o profissionalismo instalado na coisa, claro está. A avaliação é feita por parâmetros muito bem definidos, mas que fazem parte do segredo do negócio e obviamente que não existe a avaliação da entidade patronal feita pelos colaboradores, não fosse ela um poço de sapiência e maestria e as frases sempre tão animadoras e impulsionadoras de motivação “A tua avaliação deste trimestre é de 73%, mas eu sei que podes dar mais”. O cenário é tão atraente como um temporal numa praia paradisíaca.
Durante o Congresso falou-se muito dos valores da Parentalidade Consciente e cada orador aplicou os valores à sua profissão/ propósito de vida e são todos tão diferentes que me pôs a pensar como é que se poderia aplicar esses valores para aumentar a produtividade de uma empresa.
Igual Valor: Somos todos exactamente como somos, nem mais nem menos do que o outro, essa é a base para a existência de relacionamentos saudáveis. As opiniões, as necessidades profissionais e outras, as nossas emoções têm todas o mesmo valor independentemente das hierarquias na empresa.
Respeito pela Integridade: Ter liberdade e espaço para cada colaborador cuidar dos seus limites pessoais e das suas necessidades respeitosamente. Quanto mais forte e saudável for cada um dos colaboradores mais forte será o grupo.
Autenticidade: Construir um ambiente onde haja abertura e verdade. Criar momentos de diálogo construtivo entre equipas sem receio a críticas, julgamentos ou consequências posteriores. Só a autenticidade permite mostrar as necessidades e limites que são importantes para cada colaborador.
Responsabilidade Pessoal: Acredito que aqui está a chave para a produtividade de uma empresa se cada um souber exactamente onde começa e termina a sua. Cada pessoa integrante na equipa é responsável pela sua vida, emoções, ações, escolhas e funções.
Acredito que a introdução das avaliações numa empresa são a herança de uma infância escolar mal nutrida.
É preciso reparar (Re-Parar) no que está realmente acontecer para se puderem tomar decisões que tragam resultados coesos e duradouros. Os números, cores, smiles e estrelinhas não são mais do que isso mesmo (números, cores, smiles e estrelinhas) e não traduzem o que está por trás de cada pessoa, de cada colaborador, de cada aluno.
É urgente parar e descansar. Só desta forma é que eu me volto a ligar a mim, às pessoas e ao mundo.